III SEMANA DA DEMOGRAFIA

 

Gustavo Palma de Andrade Santos1
Tathiane Mayumi Anazawa1
Natália de Jesus Trindade1

Apresentação

A terceira edição da Semana da Demografia, realizada entre 31 de março e 4 de abril de 2025, mostrou a consolidação do evento, que este ano esteve associada ao I Fórum de Demografia Lusófona. A III Semana da Demografia foi organizada por discentes do Programa de Pós-Graduação em Demografia (PPGD) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com o apoio de docentes do Departamento de Demografia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (DD/IFCH) da mesma instituição, e teve como objetivo proporcionar debates entre estudantes de graduação e pós-graduação e de profissionais e pesquisadores das áreas correlatas aos Estudos de População. O I Fórum de Demografia Lusófona, por sua vez, foi organizado pelos docentes do DD/IFCH, com o propósito de criar um canal de comunicação e colaboração entre demógrafos e estudiosos de população dos nove países que adotam o português como língua oficial, e fazem parte da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
O tema da III Semana da Demografia, “Diálogos potenciais: os estudos de população frente aos avanços e retrocessos sociais”, trouxe como proposta central estimular debates entre diferentes áreas da ciência e sociedade civil sobre os novos desafios impostos às políticas públicas, em uma contexto político e social atravessado por uma percepção de multiplicação das “crises”: a aceleração da mudança climática e o aumento dos desastres; a ascensão de ideologias extremistas e excludentes em diferentes países; as implicações econômicas da queda da fecundidade e do envelhecimento populacional; o ressurgimento de doenças consideradas erradicadas e os impactos da pandemia de COVID-19; entre os demais cenários que geram a sensação de uma “crise permanente”. A consideração sobre estas problemáticas embasou a definição das temáticas de cada uma das quatro mesas redondas e das três palestras que compuseram a programação do evento.
As mesas redondas (MR) contaram com a participação de um professor do DD/IFCH como debatedor e de três palestrantes, sendo um pesquisador da área de Estudos de População, um pesquisador de áreas correlatas (Urbanismo, Geologia, Antropologia e Saúde Pública), e uma membra de organizações da sociedade civil: Alessandra Ribeiro (Comunidade Jongo Dito Ribeiro); Marta Regina Pereira e Cintia Zaparoli (Movimento dos  Trabalhadores Sem Terra – MST Valinhos/SP); Suzy Santos (Associação Nacional de Travestis e Transexuais – ANTRA); e Thamires Batista Gomes Ramos (Ocupação Nelson Mandela). Dentre as temáticas abordadas nestas atividades, cita-se a construção social das (in)visibilidades (MR1); a chamada “crise ambiental” (MR2); os desafios da associação entre gênero, cuidado e uso do tempo (MR3); e os impactos da pandemia de COVID-19 (MR4).
As palestras (P), por sua vez, foram ministradas por docentes do PPGD, e tiveram como temas o desmatamento e a distribuição espacial da população na Amazônia (P1), o histórico e as estimativas da fecundidade no Brasil (P2) e a acurácia e as tendências das projeções populacionais (P3). Deixamos aqui nosso agradecimento aos participantes de todas estas atividades, cujas contribuições potencializaram os debates propostos pela Comissão Organizadora. Relembramos que elas estão gravadas e disponíveis no canal do IFCH2 e do Núcleo de Estudos de População “Elza Berquó” – NEPO3 no YouTube.
A III Semana da Demografia contou, ainda, com nove sessões temáticas e seis minicursos. Nas nove sessões temáticas, foram apresentados 40 trabalhos, submetidos por alunos de graduação e pós-graduação de diversas áreas e instituições do Brasil. Este dado mostra a continuidade no aumento do número de participantes, com relação às edições anteriores: foram 20 trabalhos apresentados na I Semana (2022) e 26 na II Semana (2024). Já os minicursos foram ofertados por discentes dos Programas de Pós-Graduação em Demografia e em Tocoginecologia e tiveram, no total, 60 inscrições, tanto de membros da comunidade acadêmica quanto de pessoas externas à universidade. Eles abordaram três grandes temáticas: uso de linguagens e softwares específicos (R e QGIS); metodologias de pesquisa quantitativa (Amostragem); e fontes e bases de dados (fontes históricas e a Relação Anual de Informações Sociais – RAIS).
O I Fórum de Demografia Lusófona teve como tema “Demografia & Decolonialidade: diálogos entre academia e sociedade” e contou com quatro mesas redondas. A primeira mesa do evento, ocorrida no dia 3 de abril, discutiu as perspectivas do fazer demográfico no Brasil e nos países africanos, considerando que as principais metodologias da área foram originalmente desenvolvidas por e para os países do Norte Global. As demais mesas, realizadas em 4 de abril, tinham como temáticas os contextos das variáveis demográficas – fecundidade, mortalidade e migração – nos diferentes países que compõem a CPLP. As mesas contaram com a  participação de estudiosos de instituições do Brasil (Unicamp, Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE e Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz), de Moçambique (Universidade Eduardo Mondlane – UEM e Instituto Nacional de Estatística) e de Portugal (Universidade de Lisboa e Universidade NOVA de Lisboa – UNL).
Destaca-se a participação presencial de dois pesquisadores de Moçambique, Prof. Dr. Carlos Arnaldo (Diretor do Centro de Estudos Africanos/Universidade Eduardo Mondlane) e Dr. Elisio Mazive (Instituto Nacional de Estatística), e de Portugal, a Profa. Dra. Lara Tavares (Ciências da População/Universidade de Lisboa). As mesas foram moderadas e debatidas por docentes do DD/IFCH e também encontram-se disponíveis no canal do YouTube do NEPO e do IFCH.
A III Semana da Demografia e o I Fórum de Demografia Lusófona contaram com o financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), através do Programa de Apoio a Eventos no País (PAEP – Edital 22/2024; Processo Nº 23038.003895/2024-98) e do PROEX/CAPES junto ao PPGD/Unicamp. Destaca-se também o apoio técnico da Coordenadoria de Eventos, Extensão e Difusão (CEEDi/IFCH) e do NEPO.
Os dois eventos receberam 240 inscrições de 39 instituições diferentes, de todas as regiões do Brasil e de outros países. Esse número representa um crescimento significativo em comparação com a edição anterior, que contou com 158 inscrições, o que promove a consolidação do evento como um espaço relevante de diálogo e de produção do conhecimento entre a Demografia e outras áreas na Unicamp, no Brasil e no mundo.
Em relação aos perfis dessas inscrições, observa-se uma diversidade em termos de raça/cor e gênero. Em relação à raça/cor, 56,7% dos inscritos se autodeclaram como brancos, 21,7% como pardos, 20,0% como pretos, 1,3% como amarelos e 0,4% como indígenas.

Quanto ao gênero, 52,2% dos inscritos se autodeclaram mulheres cis, 43,3% homens cis, 0,8% pessoas trans e 0,8% não-bináries/agênero.

Quanto ao nível de formação (Figura 1), destaca-se a expressiva presença de discentes matriculados em cursos de graduação (37,9%) e pós-graduação (41,7%, sendo 18,8% no nível de mestrado e 22,9% em nível de doutorado). Essa distribuição evidencia a concretização de um dos principais objetivos do evento: fomentar o diálogo entre a graduação e a pós-graduação, criando um ambiente propício para a troca de experiências e a formação de novas gerações de pesquisadores ou pessoas interessadas nos debates. Além disso, pode-se observar também a participação de pesquisadores com mestrado completo (3,3%), doutorado
completo (5,8%) e pós-doutorado (2,1%). Embora em proporções menores, é interessante destacar a diversidade de trajetórias acadêmicas entre o público do evento, o que contribui para um rico diálogo intergeracional.

FIGURA 1 – Distribuição de inscritos na III Semana da Demografia e no I Fórum de Demografia Lusófona por nível de formação (em %)

Fonte: Elaboração própria.

 

No âmbito institucional (Figura 2), a III Semana da Demografia e o I Fórum de Demografia Lusófona contaram com inscrições de pessoas vinculadas a 39 instituições de dezoito estados do Brasil e também de outros seis países. Destaca-se que as três instituições com maior número de inscritos foram universidades que sediam PPGs em Demografia: Universidade Estadual de Campinas (121 inscritos, ou 50,4% do total), Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) (18 inscritos, 7,5%) e Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) (13 inscritos, 5,4%). Além de universidades, também houve inscritos provenientes de instituições de pesquisa (como Agência Condepe Fidem e Fundação João Pinheiro – FJP), de administração pública (como Prefeitura Municipal de Pouso Alegre e Ministerio de Salud y Protección Social da Colômbia) e de escolas secundaristas (como a Escola Secundária de Coca Missava e o Colégio Villa Lobos Amparo). Isso mostra que o evento atingiu também pessoas externas à universidade, confirmando o seu caráter de extensão.

FIGURA 2 – Distribuição de participantes na III Semana da Demografia e no I Fórum de Demografia Lusófona por instituição (em %)

Fonte: Elaboração própria.

 

Quanto à distribuição por áreas de formação, os dados revelam uma predominância marcante das Ciências Humanas, que representam 56,7% do total de participantes, seguida pelas Ciências Sociais Aplicadas (30,0%) e Ciências Exatas e da Terra (9,0%). Essa configuração chama a atenção para a presença das áreas voltadas para estudos populacionais no debate demográfico, ao mesmo tempo que aponta para a diversidade de abordagens presentes no evento, com participações significativas de outras grandes áreas do conhecimento. Embora com representatividade reduzida, registraram-se ainda a participação das seguintes áreas: Ciências da Saúde (3,0%), Ciências Agrárias (0,9%) e Ciências Biológicas (0,4%).
O evento contou com 227 participantes, dentro do universo dos 240 inscritos. A Figura 3 mostra a distribuição dos ouvintes por instituição, classificados segundo o país ou estado brasileiro onde ela está sediada. Como pode-se notar, houve participação de ouvintes de cinco países (Brasil, Peru, Alemanha, Portugal e Moçambique) e de 14 estados de todas as grandes regiões do Brasil, além de seis participantes sem instituição declarada. Apontamos, ainda, que os participantes eram provenientes de dez países, listados em ordem decrescente do número total: Brasil (208), Moçambique (7), Colômbia (4), Peru (2), e Bolívia, Botswana, Chile, Haiti, Portugal e Venezuela (1). Estes dados reforçam o caráter internacional do evento.

FIGURA 3 – Número de participantes da III Semana da Demografia e do I Fórum de Demografia Lusófona, segundo país ou estado brasileiro de localização da instituição.

Fonte: Elaboração própria.

 

Por fim, os anais dos eventos contam com 29 trabalhos publicados, entre resumos expandidos e artigos completos, e estão divididos em oito sessões temáticas4. Estes números mostram um avanço no número de publicações em relação às edições anteriores do evento (16 e 26, respectivamente). Agradecemos a todos os autores por terem compartilhado suas pesquisas em nosso evento, e pelo envio das versões finais dos trabalhos.
Esses dados não apenas ilustram a diversidade e a abrangência desta edição do evento e as possibilidades para as próximas edições, mas também destacam o seu papel como um espaço que busca promover a discussão demográfica em suas múltiplas dimensões.
Reforçamos nossos agradecimentos ao apoio do Núcleo de Estudos de População “Elza Berquó” – Nepo/Unicamp, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas – IFCH e Coordenadoria de Eventos, Extensão e Difusão – CEEDi/IFCH, por todo o suporte técnico sem os quais a realização do nosso evento não teria sido possível; às(aos) professoras(es) do Programa de Pós-Graduação em Demografia pelo apoio, incentivo e participação; às(aos) professoras(es), pesquisadoras(es), mediadoras(es) e convidadas(os) pela disposição em participar dos diálogos nas mesas redondas e palestras; às(aos) pesquisadoras(es) que submeteram e apresentaram seus trabalhos nas Sessões Temáticas da III Semana da Demografia; e a todas(os) aquelas(es) que se inscreveram, participaram e fizeram parte das atividades. Cabe também um agradecimento especial às(aos) servidoras(es) do NEPO e IFCH, que cuidaram da edição dos Anais e da série de videocasts que será lançada ainda esse ano (aguardem! Em breve teremos novidades!), prestaram apoio técnico valioso ao longo do evento e garantiram a transmissão da III Semana da Demografia e do I Fórum de Demografia Lusófona nos canais institucionais do YouTube.
Finalizamos esta apresentação expressando o desejo da continuidade da Semana da Demografia, um evento promovido pelo corpo discente, para o corpo discente. A construção coletiva é a base para o diálogo, caminhos possíveis e o conhecimento científico.

1 Comissão Organizadora
2 Disponível no link a seguir: https://www.youtube.com/@ifchunicamp1/streams.
3 Disponível no link a seguir: https://www.youtube.com/@nepo-unicamp9173/streams.
4 As descrições da abrangência teórica de cada ST estão disponíveis no site do evento: semanadademografia.wixsite.com/unicamp2025.

 

 

SESSÕES TEMÁTICAS

 

 

ST 1 – DEMOGRAFIA DOS POVOS INDÍGENAS E AFRO-DESCENDENTES

Coordenadores: Theo Seligman e Esteban Ospina

A proposta desta Sessão Temática é debater pesquisas que dão especial atenção às características e condições sociodemográficas da população negra, indígena e/ou quilombola. Esperam-se trabalhos concluídos ou em andamento que articulem a realidade dessas populações aos aportes teórico-metodológicos da demografia. Ou seja, trabalhos que considerem a forma como os diferenciais étnico-raciais afetam os comportamentos relacionados à fecundidade, nupcialidade, mortalidade, mobilidade espacial, políticas públicas, acesso à saúde, educação e mercado de trabalho destes grupos populacionais. Assim, buscamos acolher, sobretudo, discussões que, a partir de um olhar interseccional, consigam trazer luz às questões reivindicadas pelos diferentes grupos, com o potencial de apoio à construção de políticas públicas que visem a promoção da equidade. Ao final desta sessão vislumbramos uma reflexão conjunta sobre os trabalhos apresentados e uma construção coletiva de perspectivas que auxiliem na garantia de direitos à estas populações.

 

Sessões

 

ST 2 – DEMOGRAFIA HISTÓRICA

Coordenadores: Gustavo Palma de Andrade Santos e Thiago Bonatti

Esta sessão temática tem como objetivo criar um espaço para debater estudos que contribuam para o entendimento sobre os regimes demográficos vigentes no passado da população brasileira. Esperamos trabalhos que apresentem discussões teóricas e historiográficas sobre diversos temas interdisciplinares, a saber: gênero, tendências reprodutivas, arranjos familiares, experiências de mobilidade social e espacial; história econômica, história das famílias, demografia da escravidão, tendências e padrões de mortalidade, em diferentes momentos da história brasileira, ampliando o debate acerca da dinâmica das dinâmicas populacionais pretéritas. Serão aceitos trabalhos concluídos ou em andamento, que utilizem de métodos quantitativos e qualitativos para contribuir com os estudos da Demografia Histórica. Também são bem-vindos trabalhos de áreas correlatas, que utilizem fontes históricas de dados demográficos e discutam as condições das populações do passado.

 

Sessões

 

ST 3 – POPULAÇÃO, GÊNERO E FAMÍLIA

Coordenadora: Ana Letícia Pereira Sousa

Os processos de formação, ampliação, dissolução e recomposição das famílias, assim como a emergência de formas cada vez mais plurais de construção de relações familiares, são os principais temas de interesse desta sessão temática. Visamos ampliar a discussão, mais especificamente, dos seguintes temas: arranjos familiares e suas mudanças; trabalho e famílias; gênero e reprodução; conflitos produção/reprodução; tendências da fecundidade e das preferências reprodutivas; demografia da infância e da juventude; relações e diferenças
intergeracionais; família e políticas sociais; discussões emergentes sobre casais de mesmo sexo e casais sem filhos; dinâmicas familiares e seu entrelaçamento com desigualdades de raça, sexo ou classe; territorialidades e famílias; e discussões teóricas ou metodológicas da perspectiva do ciclo ou curso de vida. Além disso, é encorajada a submissão de trabalhos que discutam sobre a análise de fonte de dados administrativos e pesquisas populacionais, entrevistas, história oral e/ou de vida, estudos de caso e comparativos, entre outros. Serão aceitos trabalhos em diferentes estágios de pesquisa, com metodologias quantitativas ou qualitativas e recortes espaciais múltiplos.

 

Sessões

 

ST 4 – FECUNDIDADE, COMPORTAMENTO, SAÚDE E DIREITOS SEXUAIS E REPRODUTIVOS

Coordenadora: Carolina Maria Rodrigues da Costa

A fecundidade pode ser compreendida a partir de uma ótica interdisciplinar, influenciada por fatores culturais, políticos e econômicos, a qual pode ser referida pela relação entre nascidos vivos e pessoas em idade reprodutiva. Esta sessão temática, busca também fomentar a discussão sobre direitos sexuais e reprodutivos, frente a suas funções e processos, alinhados aos direitos humanos e práticas sociais, entrelaçados a debates entre saúde e sexualidade. Com isso, buscamos ampliar a discussão em trabalhos que abordem temas como a mudança nos níveis de fecundidade nos diferentes espaços e períodos, o cuidado e a atenção à saúde reprodutiva e à prevenção de IST/HIV, comportamento, as práticas sexuais e reprodutivas, planejamento da fecundidade, as práticas concepcionais e anticoncepcionais, a reprodução na juventude, a saúde materna, o envelhecimento e a reprodução, o aborto, as novas tecnologias reprodutivas, as masculinidades e sua relação com a saúde e a reprodução, bem como os direitos sexuais e direitos reprodutivos e as barreiras para sua efetiva implementação.

 

 

 

ST 5 – POPULAÇÃO, ESPAÇO, AMBIENTE E MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Coordenador: Gustavo Palma de Andrade Santos

Esta sessão temática pretende reunir investigações que abordem as relações que se estabelecem entre os componentes da dinâmica demográfica e ambiente, a partir de uma perspectiva multidisciplinar. Dá-se abertura a estudos que levem em conta os efeitos da dinâmica demográfica sobre o ambiente, assim como os efeitos de processos ambientais sobre a dinâmica demográfica e sobre a qualidade de vida dos diferentes grupos populacionais. A ST visa ampliar as discussões relacionadas ao tema, aceitando estudos que tratem sobre: dinâmicas rural e urbana; poluição; condições de vida; industrialização e ambiente; ciclo de vida e dinâmica domiciliar em áreas rurais; população e consumo; população e mudanças climáticas; populações em situação de risco e/ou vulnerabilidade; políticas públicas e os processos de gestão ambiental; o processo de urbanização, com suas características e impactos; a dinâmica de ocupação de ecossistemas; as implicações socioambientais da redistribuição espacial da população brasileira; e as metodologias e técnicas de estudo da relação população e ambiente. Serão aceitas pesquisas concluídas ou em andamento.

 

Sessões

 

ST 6 – REDISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA POPULAÇÃO

Coordenadores: Theo Seligman e Marcela Correia R. Funtelas

Com a queda na fecundidade e a estabilização da mortalidade em níveis mais baixos em boa parte do mundo nos últimos tempos, a migração se torna cada vez mais um fator definidor de diferenciais de crescimento populacional. O comportamento dessa variável demográfica, por sua vez, se insere em um conjunto mais vasto de processos de ordem política, econômica, social, ambiental e, até mesmo, sanitária. Em escala global, uma sucessão de crises sistêmicas tem alimentado fatores de expulsão populacional sobretudo na periferia do capitalismo. Nesse cenário, respostas como o enrijecimento de políticas migratórias e demais barreiras – por vezes, até físicas – para a contenção do cruzamento de fronteiras internacionais são uma realidade principalmente em países do Norte global e expõem migrantes a rotas arriscadas por mar e terra e, por outro, insuflam os fluxos com origem, trânsito e destino nos países do Sul global como o Brasil. Esta ST, desse modo, se abre a propostas de discussão de caráter metodológico, estudos comparativos e conjunturais, proposições teóricas e demais contribuições que ajudem a compreender a redistribuição espacial da população no Brasil e no mundo em suas diversas facetas e tempos históricos.

 

Sessões

 

ST 7 – FONTES, MÉTODOS E PROJEÇÕES DEMOGRÁFICAS

Coordenadora: Bianca de Carvalho Velloso

A presente sessão temática tem como proposta fomentar a discussão sobre metodologia nas pesquisas populacionais em seus mais variados temas. Esperamos que os trabalhos submetidos a ST discutam as estratégias metodológicas adotadas em pesquisas concluídas ou em andamento com temas de interesse aos estudos de população. Destaque especial será dado para estudos que abordam debates sobre condições de obtenção, tratamento e qualidade dos dados, propostas de modelos estatísticos aplicados ou propostas metodológicas no geral. Trabalhos contendo técnicas de estimativas e projeções de níveis e estruturas dos componentes da dinâmica demográfica (mortalidade, fecundidade e migração), do tamanho, estrutura e composição de domicílios e de subpopulações específicas são igualmente bem-vindos. Pesquisas que tenham metodologia qualitativa ou metodologia mista também serão aceitas; da mesma forma que trabalhos de distintos recortes geográficos, comparativos ou não.

 

 

 

ST 8 – POPULAÇÃO, SAÚDE, ENVELHECIMENTO E MORTALIDADE

Coordenadores: Bianca de Carvalho Velloso e Juan Pablo Montaño Diaz

Esta sessão temática tem como objetivo central debater estudos que abordem os processos de transição demográfica e epidemiológica que vêm ocorrendo no Brasil e no mundo. As transições mencionadas têm promovido mudanças significativas na estrutura de idade da população brasileira e nos perfis de adoecimento e morte, trazendo novos desafios para a produção do conhecimento na área de saúde. Ao entender a saúde como um estado de completo bem-estar físico, mental e social, esta discussão engloba múltiplas dimensões que condicionam o processo de saúde, doença, cuidados e morte às que a população está
exposta. Dessa maneira, tem-se como prioritários assuntos como o estudo do processo de transição demográfica e epidemiológica; os impactos na saúde do fenômeno de envelhecimento populacional e longevidade; os diferenciais na vulnerabilidade de diferentes grupos populacionais frente aos riscos para a saúde e as condições de saúde como condicionante da vulnerabilidade social; ambiente e saúde; desigualdades sociais e raciais da saúde; diferenciais no acesso aos cuidados da saúde; e violências e acidentes. Para além disso, também são bem-vindos trabalhos que objetivem absorver novas metodologias de análise qualitativa e quantitativa no eixo população e saúde.

 

Sessões

 

ST 9 – POPULAÇÃO, EDUCAÇÃO E TRABALHO

Coordenadores: Bianca de Carvalho Velloso, Ana Letícia Pereira Sousa, Joice Domeniconi e Luís Felipe Magalhães

A proposta desta sessão é interdisciplinar, com especial atenção à articulação entre população, educação e mercado de trabalho. Ainda assim, aceitam-se propostas que tratem dos referidos temas isoladamente. Nosso objetivo é estabelecer um espaço de interação entre os estudiosos da área, de forma que possamos construir conhecimento coletivamente com os artigos. Destacamos como temas de maior interesse: demografia da educação, atendo-se ao papel da educação sobre a dinâmica demográfica; as relações entre população e políticas públicas voltadas à inserção laboral de populações vulneráveis socialmente; setor formal/informal e seus determinantes; geração e qualidade dos empregos; renda e proteção social; emprego e configurações sociais; origem social e retornos ocupacionais da educação; mercado de trabalho e família; e educação, trabalho e ciclo de vida, além da aplicação de novas metodologias e técnicas que auxiliem na compreensão das dinâmicas laborais e educacionais.

 

Sessões

 

ST 10 – POPULAÇÃO, POLÍTICAS SOCIAIS E VULNERABILIDADES

Coordenadores: Carolina Maria Rodrigues da Costa, Bruno Gomes Waldman e Esteban Ospina

A Constituição de 1988 é, em teoria, garantidora de uma série de direitos fundamentais à população brasileira. Grande parte destes direitos são garantidos via políticas públicas e sociais. Com especial atenção às populações vulneráveis sociodemograficamente, a proposta desta Sessão Temática consiste em alentar debates que articulem os estudos de população e políticas públicas tratadas em sua perspectiva histórica ou em dado momento e considerem os reflexos destas medidas sobre a dinâmica demográfica do país. Enfatizam-se estudos sobre pessoas com deficiências (PCDs), população indígena e afrodescendente (PPIs) e população de baixa renda, ou seja, indivíduos que, por razões sociais, têm seu completo direito à cidadania cerceada. Objetiva-se com essa sessão temática a troca e disseminação de informação sobre as pesquisas concluídas ou em curso, visando discutir aspectos que forneçam bases para a análise de políticas públicas, assim como ao planejamento e avaliação das mesmas.

 

Sessões

 

 

Organizadores
Ana Letícia Pereira Sousa
Bianca de Carvalho Velloso
Carolina Maria Rodrigues da Costa
Gustavo Palma de Andrade Santos
Theo Seligman

 

 

 

 

 

 

 

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