A proposta que ora se apresenta insere-se na preocupação dos demógrafos-historiadores em conhecer os regimes demográficos que caracterizaram o passado brasileiro. Dessa forma, agrega-se ao projeto de cobertura nacional intitulado Além do Centro-Sul: por uma história da população colonial nos extremos dos domínios portugueses na América (Edital MCT-CNPq 15/2007) proposto pelo Grupo de Pesquisa (CNPq) Demografia & História que congrega pesquisadores vinculados a diversos centros de pesquisas e programas de pós graduação. Dentro dessa preocupação, esta pesquisa considera a população do município paulista de Franca, buscando reconstituir indicadores demográficos e suas relações com o contexto socioeconômico regional e nacional, confrontando-os com aqueles trabalhados para outras vilas e regiões da América portuguesa. Para tanto, serão levantadas as séries de registros vitais (batismo e óbito) existentes para o período de 1805 a 1850 . A análise das fontes seriais permitirá um melhor entendimento das dinâmicas migratórias (ainda pouco estudadas) que compõem os regimes demográficos brasileiros, bem como as demais variáveis da dinâmica demográfica (natalidade e mortalidade). Franca se estabelece a partir da rota para as minas de Goiás e Mato Grosso, mas dada a distância da capital, assim como outros fatores (como o relevo e a qualidade do solo) irão proporcionar atividades vinculadas principalmente com a criação de animais e agricultura voltados à produção de gêneros da terra destinados ao abastecimento interno. É preciso lembrar que São Paulo foi a província do Brasil que conheceu as mais profundas transformações demográficas, ao longo do século XIX, vinculadas principalmente à expansão da cafeicultura. Nesse período, a população paulista em geral diversificou e mostrou um grande crescimento. Este, no entanto, não se processou de forma homogênea em todo território da Capitania/Província onde a migração teve um papel importante no período. Embora a Província de São Paulo como um todo e algumas localidades específicas (Capital, litoral, Vale do Paraíba, quadrilátero do açúcar) tenham recebido atenção de historiadores-demógrafos, a preocupação com o conhecimento dos regimes demográficos para a população do passado no contexto brasileiro nacional e regional ainda é recente. A pesquisa sobre a população de Franca certamente trará novos ingredientes ao conhecimento dos regimes demográficos das sociedades pretéritas, assim como para a discussão da problemática de uma transição demográfica no Brasil. Embora o município de Franca não estivesse, nos oitocentos, vinculado diretamente à grande lavoura de exportação possuía uma economia relativamente dinâmica, o que justifica a presença de uma população considerável tanto de pessoas livres como de escravas. Apesar da ampliação das áreas estudadas e do aumento de pesquisas historiográficas de cunho local e regional, as localidades que se dedicaram ao abastecimento interno ainda são carentes de estudos. Esta pesquisa visa ampliar o conhecimento sociodemográfico que se tem sobre a dinâmica da população na Província de São Paulo focalizando um período (século XIX) de grandes transformações sociais, econômicas e políticas vivenciadas no território nacional e particularmente em solo paulista.