PROGRAMA DE ESTUDOS EM SAÚDE REPRODUTIVA E SEXUALIDADE

Período:

1992 - 2004

Descrição:

O Programa de Estudos foi realizado em um momento em que os direitos reprodutivos, os direitos sexuais, a saúde reprodutiva e a saúde sexual eram temas que estavam em discussão no âmbito internacional e no das políticas públicas no Brasil. Na sociedade eram debatidos a emergência da epidemia do HIV/Aids, o uso abusivo de cesarianas e a assistência nos hospitais públicos para os casos de aborto previstos por lei no país, temas que eram discutidos no Programa de Estudos.
A metodologia de trabalho utilizada no Programa de Estudos era integradora e incluía palestras, mesas redondas, discussões em grupo e apresentação de vídeos. O curso criou espaço para uma atuação interativa de seus participantes com a coordenação, bem como dos participantes entre si, sempre com a perspectiva do efeito multiplicador do curso.”
As atividades do Programa de Estudos em Saúde Reprodutiva e Sexualidade organizaram- se em módulos. Cada módulo visava à apresentação do que havia de mais importante na respectiva temática, bem como uma atualização dos cenários internacionais, nacionais e regionais. Essa visão foi sempre colocada sob uma perspectiva multidisciplinar, considerando os aspectos biológicos, epidemiológicos, clínicos, éticos, jurídicos, sociais, culturais e psicológicos, contemplando também uma visão histórica e contemporânea dos conteúdos.
• Módulo Sexualidade – estudou as perspectivas teóricas e de intervenção sobre sexualidade, gênero e poder, bem como a constituição da sexualidade nas culturas ocidentais modernas e a construção dos sujeitos sexuais.
• Módulo Concepção e Anticoncepção – discutiu o quadro da reprodução no país e os aspectos vinculados às opções conceptivas e contraceptivas de homens e mulheres; as tecnologias em contracepção e suas controvérsias; os avanços e impasses na reprodução assistida. Essa reflexão situou-se no contexto das mudanças socioculturais das últimas décadas, bem como no contexto do debate sobre a assistência à saúde no Brasil.
• Módulo Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids – apresentou um quadro de epidemia do HIV/Aids no país e das estratégias de enfrentamento nos níveis governamental e não-governamental. A abordagem de alguns aspectos situados na interseção da Aids com a sexualidade e com a saúde reprodutiva buscava apontar os principais problemas e desafios a serem resolvidos, visando contribuir para a redução da vulnerabilidade da população feminina à epidemia.
• Módulo Gravidez, Parto, Puerpério e Amamentação – por meio de uma visão histórica, o trabalho nesse módulo buscou compreender como as mulheres têm vivido a gravidez, o parto, o puerpério e a amamentação; a análise de políticas públicas de respeito aos direitos reprodutivos das mulheres pautou o conteúdo desse módulo e ênfase especial foi dada ao parto humanizado e ao direito de amamentação da mulher trabalhadora.
• Módulo Mortalidade e Morbidade – tendo como cenário a transição demográfica e epidemiológica no Brasil, esse módulo enfocou as estratégias de prevenção e superação dos limites impostos pelas neoplasias, em especial as do aparelho reprodutor feminino e masculino, com ênfase no câncer de colo de útero e de próstata, em uma perspectiva clínica, social e de políticas públicas. Enfoque especial foi dado à mortalidade materna.
• Módulo Aborto – analisou alguns contextos históricos e atuais em que o tema se faz presente, mostrando sua universalidade e atualidade. Como parte dessa visão geral, foram enfocados alguns aspectos dessa discussão no âmbito do Estado e dos grupos políticos e sociais envolvidos no tema. Além dos aspectos epidemiológicos e clínicos, também os jurídicos e religiosos foram discutidos e, particularmente, as dificuldades e desafios da realização de pesquisas nesse campo, dada a ilegalidade no país do aborto provocado.
• Módulo Novos Desafios para o Campo da Saúde Reprodutiva – na perspectiva de novos desafios foram tratados dois grandes temas da atualidade: saúde sexual e reprodutiva de homens e de mulheres após os 50 anos; violência. O primeiro grande tema tratou do homem, seu crescimento e amadurecimento, bem como da andropausa como conceito e de novas demandas e alternativas terapêuticas. Para as mulheres acima dos 50 anos, o módulo discutiu os mitos e as realidades do climatério e da estética como demanda. A discussão sobre violência compreendeu a questão do Estado e sociedade, violência de gênero, de conflito privado à questão social, políticas públicas e o arcabouço jurídico-institucional na violência contra a mulher, além do papel do setor saúde.
Ao todo, 210 pessoas passaram pelas oito edições do programa. Mulheres e homens, graduados nas áreas de Ciências Humanas e da Saúde, de todas as regiões do Brasil e, em menor número, de outros países da América Latina e até mesmo da África.(Para descrição completa dessa rica experiencia ver publicação sobre o programa)

 

Produção relacionada ao projeto:

Construindo Novos Caminhos – 12 anos do Programa de Saúde Reprodutiva e Sexualidade

Sexo e Vida:Panorama da Saúde Reprodutiva no Brasil

Saúde Reprodutiva na Esfera Pública e Política na América Latina

Morbimortalidade Feminina no Brasil (1979-1995)

Cultura, Adolescencia, Saúde

Coordenador(a):

Drª. Elza Berquó
  • Maria Coleta Ferreira Albino de Oliveira
  • Maria Isabel Baltar da Rocha
  • Margareth Arilha
  • Estela María García de Pinto da Cunha
  • Regina Maria Barbosa
  • Tania Di Giácomo do Lago
  • Marina Ferreira Rea

Financiador:

Fundação Ford