O projeto que por hora apresentamos tem como finalidade realizar uma análise demográfica a partir das relações familiares e do compadrio entre a população escrava da freguesia de Nossa Senhora da Penha do Alegre – atual município de Alegre, localizado na zona rural da região sul do atual estado do Espírito Santo – no período compreendido entre os anos de 1860 – 1888, através do método de reconstituição de famílias. Esse município caracterizou-se por uma economia baseada na monocultura do café para exportação com o emprego de trabalhadores escravizados de origem africana e seus descendentes nascidos no Brasil. Tentaremos abordar alguns dos aspectos os quais a população escrava do sul do Espírito Santo vivenciou os eventos vitais e estabeleceu relações sociais e enfim comunitárias. O nosso corte cronológico inicial se deu em função da própria formação da região, que data do início da segunda metade do século XIX e o corte final, pela Lei de 13 de maio de 1888 que pôs fim ao trabalho escravo, no Brasil.
A partir dos censos populacionais (1872), registros paroquiais de casamentos (1860 -1888), batismos (1860-1885) e cartorários: os inventários post mortem (1860-1888), pretendemos perscrutar as características da demografia da escravidão, na região ora referida como também sobre a constituição da família escrava, na segunda metade do século XIX, através das relações de consanguinidade e do parentesco espiritual estabelecido através do compadrio entre os escravos. Reduziremos nossa escala de análise ao realizarmos o cruzamento nominativo de fontes com o objetivo de tentar resgatar trajetórias demográficas e familiares da população escrava pertencente aos senhores da região que se formou a partir da expansão da fronteira para produção do café e consequentemente do deslocamento das fortunas das famílias tradicionais das regiões: da Zona da Mata Mineira, do Vale do Paraíba Fluminense e Paulista os “Aguiar/Vallin”.