Educação escolar indígena: inovação, saberes aprendidos e ofertas de nível superior

Período:

2017 - 2021

Descrição:

Este projeto se situa numa linha de investigação orientada pelo seguinte problema de pesquisa: em quais aspectos a educação escolar indígena superou o caráter colonialista da escolarização? Entende-se por colonialista a pretensão civilizatória, catequizadora e o seu pressuposto de que os povos indígenas não têm conhecimentos passíveis de serem objeto de aprendizagem no ambiente escolar. Projetos anteriores de nossa equipe de pesquisa foram realizados nos últimos quatro anos, na região do alto rio Negro, AM. Centraram-se nas hipóteses de que a superação da escolarização colonialista ocorre porque: a) os objetivos das escolas são compatíveis com aqueles dos povos onde estas se localizam, sendo ao menos conhecidos e dialogados com as comunidades; b) a avaliação dos alunos, dos processos que as escolas desencadeiam nas comunidades, ou dos professores, é acompanhada e implementada pelas próprias comunidades em conjunto com os poderes públicos; c) os professores indígenas têm efetiva participação em todo o processo da educação escolar, em constante diálogo com as comunidades; d) o processo de escolha dos saberes que são objeto de ensino leva em conta aspirações de futuro das comunidades em que as escolas atuam. Mesmo com o avanço da pesquisa, ainda não está disponível uma resposta suficiente ao problema de fundo. Confirmamos que tal superação ocorreu naquela região, embora com significativas limitações. E ainda não se sabe em que escala isso ocorreu porque é uma área muito grande (São Gabriel da Cachoeira, um município que conta com 244 escolas municipais e oito estaduais dispersas por comunidades dos rios da bacia do rio Negro). Em três das quatro comunidades onde os trabalhos de pesquisa incidiram, confirmou-se a hipótese de que os objetivos das escolas são conhecidos pelas comunidades e estabelecidos a partir de diálogos com estas, havendo convergência entre os saberes estudados e as aspirações de futuro das comunidades. Verificou-se também que as formas oficiais de avaliação escolar impõem obstáculos aos aspectos inovadores (específicos e diferenciados) das escolas indígenas e desconsideram processos avaliativos próprios das comunidades. O fato de as escolas priorizarem a língua predominante de cada povo, de recuperarem e utilizarem saberes tradicionais e de buscarem a aprendizagem por meio de práticas de pesquisa são alguns exemplos de subsídios imprescindíveis à proposição de indicadores de avaliação educacional adequados à educação escolar indígena diferenciada. Em vista do conhecimento obtido, este projeto pretende acrescentar uma contribuição à abordagem do problema de investigação, focalizando dois de seus aspectos. Um destes é o da escolha de saberes a ensinar na escola básica, o outro é o da oferta de educação superior. Quanto ao primeiro, será considerada a importância do PPP (Projeto Político Pedagógico) atribuída pelas autoridades do sistema escolar assim como por docentes e líderes indígenas. Pretende-se comparar os saberes priorizados para circulação em uma escola que conta com PPP e em outra que não dispõe deste documento. Em relação à oferta de educação superior, será feito o mapeamento dos cursos e modalidades disponíveis na região, suas principais características em termos de pertinência às demandas locais de pessoal qualificado.

Coordenador(a):

Elie George Guimaraes Ghanem Junior

Diana de Paula Pellegrini – Integrante

Gersem José dos Santos Luciano – Integrante

Aline Cristina de Oliveira Abbonizio – Integrante

Márcia Regina Guerreiro Zamboni – Integrante

Elydimara Durso dos Reis – Integrante

Flora Dias Cabalzar – Integrante.

Financiador:

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq