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População que deixa o país dobra na Região Metropolitana de Campinas em quatro anos

O número de pessoas que entregaram a declaração definitiva de saída permanente do país mais do que dobrou na Região Metropolitana de Campinas entre 2012 e 2016. No total, foram 553 registros no ano passado, 2,7 vezes mais do que em 2012, quando 203 pessoas migraram para outra nação.

O destaque é para Campinas, cidade mais populosa da região e, consequentemente, a que mais registrou saídas para outros países. Foram 112 em 2012 e 270 no ano passado, crescimento de 2,4 vezes.

A dermatologista Fabiana Audi está entre as pessoas que optaram por tentar viver melhor fora do país. Ela se mudou para a Alemanha. Segundo ela, o sonho sempre existiu, mas o cenário político do Brasil contribuiu muito para a escolha. “Tinha a vontade de ter uma nova experiência de vida, a busca de um olhar novo do mundo, além de novas oportunidades de conhecimento acadêmico e de uma nova língua. Mas a questão do momento político e econômico do país, com certeza pesou na minha decisão. Incertezas, criminalidade em alta, corrupção, faz com que a gente desanime e perca a vontade de permanecer num pais assim”, comentou.

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Há 10 meses no país, ela lembra das dificuldades, mas diz que está feliz. “Lógico que existiram muitas dificuldades, saudades da família, amigos e trabalho. Mas quando você começa a colocar numa balança e a ter uma visão crítica das vantagens e desvantagens de morar em outro país, e pensa: não há um lugar perfeito para viver, mas um lugar que você pode viver melhor”, completa.

A segunda cidade com maior número de declarações de saídas foi Sumaré, que passou de 7 casos em 2012 para 60 no ano passado, quase 10 vezes mais.

Esse número pode ser ainda maior do que o registrado. Isso porque a pessoa que entrega a declaração de saída definitiva pode colocar dependentes, ou seja, cada declaração pode corresponder a mais de uma pessoa.

Segundo a Receita Federal, dentre os principais destinos dos brasileiros no exterior, segundo o último levantamento, entre 2011 e 2015, estão Estados Unidos, Canadá e Reino Unido.

Para a professora Roberta Peres, do NEPO (Núcleo de Estudos de População) da Unicamp, os processos de saída e entrada do país são complexos, porque cada fluxo migratório possui alguns condicionantes, Porém, ela lembra que hoje, muitos países acabam sendo opção para os brasileiros.

“Embora os Estados Unidos ainda sigam como o principal país de destino da emigração no mundo inteiro, hoje vemos a saída de brasileiros para uma variedade muito maior de destinos. Austrália, Nova Zelândia, Inglaterra, são alguns exemplos desses “novos” espaços da emigração internacional brasileira”, comenta.

A especialista explica que, uma especificidade neste caso, é que o Brasil foi destino da imigração desses países na virada do século XIX para o século XX. “Assim, muitos brasileiros têm dupla nacionalidade, o que facilita a migração para esses países”, explica.

Quanto à situação política do país ser condicionante, Roberta avalia que esse é apenas um dos fatores, já que em períodos de estabilidade também há migração. “O mais importante é ter a certeza de que os processos de produção se modificaram, e com isso, segundo muitos autores, a circulação de pessoas também se modifica, se torna mais complexa e mais dinâmica”, completa.

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