Especialista fala das incógnitas
do futuro demográfico em fórum

27/09/2013 - 11:15

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O professor Eduardo Gonçalves

O professor Eduardo Gonçalves

O professor Alberto Jakob, organizador do evento

O professor Alberto Jakob, organizador do evento

A professora Estela Garcia, coordenadora do Nepo

A professora Estela Garcia, coordenadora do Nepo

José Marcos, assessor da CGU

José Marcos, assessor da CGU

Mesa de abertura do Fórum

Mesa de abertura do Fórum

Um sem-número de mazelas sociais, políticas e econômicas vêm sendo atribuídas ao crescimento populacional. Mas será que as previsões da bomba populacional de fato vingaram? A pergunta foi feita pelo docente da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Eduardo Luiz Gonçalves Rios-Neto durante o Fórum Permanente Ciência e Tecnologia da Unicamp, organizado nesta sexta-feira (27) pelo Núcleo de Estudos da População (Nepo). O evento foi realizado no auditório do Centro de Convenções, promovido pela Coordenadoria Geral da Universidade (CGU).

Segundo Eduardo Gonçalves, uma resposta é que projeções do IBGE, e outras de renome internacional, apontam que antes da metade desse século haverá um crescimento negativo da população. Outra pergunta: a década de 1960 foi atípica na história da humanidade? A resposta é que, na segunda metade do século 20, realmente as populações assistiram, em um tempo muito curto, a um grande crescimento.

A partir do século XVII, o crescimento populacional no mundo se intensificou, visto que antes desse período a expectativa de vida era muito baixa, fato que elevava as taxas de mortalidade. Em 1930, o planeta era habitado por cerca de 2 bilhões de pessoas e, em 1960, esse número atingiu a marca de 3 bilhões, com média de crescimento populacional de 2% ao ano.

Quanto tempo deve demorar para dobrar a população? "Pode ser que isso nunca aconteça", relativiza o especialista. “Pois em alguns cenários a população vai diminuir, diante da queda das taxas de fecundidade. Já se percebe até que os recursos antes destinados ao planejamento familiar começaram a ser escasseados."

Conforme José Marcos Pinto da Cunha, assessor da CGU e pesquisador do Nepo, quando em 2011 era alardeada a marca dos 7 bilhões de pessoas, que levaria à explosão demográfica, perguntava-se se o planeta conseguiria suportar esse fato estrondoso. Passados dois anos, existe ainda muita gente utilizando o mesmo discurso da explosão, culpando o crescimento da população como responsável por tudo o que acontece.

Mas, perante essa diminuição da taxa de fecundidade em todo o mundo, até que ponto pode-se pensar em uma bomba demográfica, já que, em muitos países, principalmente os europeus, já se fala de implosão demográfica, questionou o professor Alberto Jakob, coordenador associado do Nepo e organizador do evento. Ele lembrou ainda que o assunto não é único e puxa muitos outros, como desigualdade social, modificação da estrutura familiar, população e ambiente, população e consumo e eventos climáticos extremos, que inclusive serão tratados neste Fórum ao longo do dia.

Para José Marcos, essas abordagens não trazem aos demógrafos propriamente uma novidade. "Soam até como demodê, porém trazem uma provocação: isso é mito ou realidade? Não acreditamos na explosão, contudo isso não significa que não tenhamos desafios a solucionar pela frente. Em 2050, a população mundial terá chegado a 8 bilhões de pessoas, consoante a muitas estimativas. O problema então é mais embaixo. É muito fácil transferir os problemas para o crescimento populacional. Vamos colocar o pingo nos ‘is’”, defendeu ele. "Vamos buscar uma visão mais crítica, esclarecedora e ampla", convidou.